MENSAGEM DO CARRO DE MÃO
Autor: Aileno

Um dia alguém me planejou
Surgi, então, para facilitar trabalhos
Ajudar o outro na sua lida
Ser um amigo do homem.
Não sou complicado, poucos ferros,
Uma caçamba pequena, uma roda
E nada mais.
Também não sou exigente
Os meus caminhos estão longe
De serem complicados como as largas estradas,
De retas infindas, acostamentos, lindas sinalizações.
Vejam: percorro atalhos, veredas,
Como as formiguinhas ligeiras.
Possível?… Sou até um brinquedo
Nas mãos das crianças, um folguedo, uma alegria.
Não tenho a marca dos carros,
Ecosport, Focus, Ranger, Corola e etc.
A precisão, a velocidade, sua engrenagem, o consumo da gasolina.
Que contraste! Tenho uma roda só.
Como sou pequeno, frágil.
Sou insignificante aos olhos daqueles
Que fazem o mundo da tecnologia
Do avanço eletrônico
Não assisto as tragédias das batidas;
Não constato nos abalroamentos: o carro foi danificado, na cor.
Antes, de se preocupar se houve vítimas, ou algum ferido.
Também não ouço expressões como estas:
“Munheca de pau”,”idiota”, “só podia ser mulher”, e outros palavrões…
Mesmo assim, vivo em meio
A uma corrida louca o “ter mais”
Corrida, para o poder, para o domínio
Onde o homem é esmagado, escravo do petróleo da energia e até do apagão
Onde o homem é desrespeitado, a vida brincando com a vida.
E eu continuo no meu lugar.
Não entro na jogada das corridas
Sou frágil, despretensioso,
Conduzido pela mão do homem
Mas não conduzo à morte.
Os olhos dos simples descobrem em mim
Uma mensagem de paz, tranquilidade,
Não vivo para competir.
Nasci para servir; ser útil.
Atenção: é importante o que vou dizer:
Um detalhe curioso: mesmo quando estou sem prestar mais serviços
Não fico abandonado, em meio aos ferros velhos, como os carros
Mais sofisticados.
Sou colocado nos belos recantos dos jardins,
Como adorno, ostentando beleza na variedade
Das flores simples como simples foi minha vida
E meu serviço!!!