{"id":465,"date":"2020-08-12T18:03:00","date_gmt":"2020-08-12T21:03:00","guid":{"rendered":"https:\/\/inspetoria.salesianasne.com.br\/?p=465"},"modified":"2020-08-12T18:03:00","modified_gmt":"2020-08-12T21:03:00","slug":"vocacao-e-vocacoes-saber-acolher-o-dom-de-deus","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/salesianasne.com.br\/vocacao-e-vocacoes-saber-acolher-o-dom-de-deus\/","title":{"rendered":"Voca\u00e7\u00e3o e voca\u00e7\u00f5es: saber acolher o Dom de Deus"},"content":{"rendered":"\n

Neste artigo apresentarei o processo vocacional, do chamado do Senhor, que mexe com nossas entranhas comprometendo-nos com a vontade de Deus.  <\/p>\n\n\n\n

A f\u00e9 crist\u00e3 ilumina nosso caminhar no seguimento de Jesus. Cremos, isto \u00e9 uma verdade para n\u00f3s, que a vida \u00e9 um Dom. Somos chamados(as) \u00e0 vida sem decidir se queremos ou n\u00e3o. No entanto, a explos\u00e3o da vida \u00e9 um milagre que surge da beleza da cria\u00e7\u00e3o como a plenitude da a\u00e7\u00e3o de Deus: \u201cSede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra\u201d (Gn 1,28), trata-se de uma ben\u00e7\u00e3o. Por ela, Deus nos d\u00e1 de presente a possibilidade de participar da cria\u00e7\u00e3o e, como bem diz Jo\u00e3o: \u201cAmados, agora somos filhos de Deus, mas ainda n\u00e3o se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de v\u00ea-lo como ele \u00e9\u201d (1 Jo 3,2). E isso \u00e9 maravilhoso! Voca\u00e7\u00e3o, no singular, \u00e9 participar desse Mist\u00e9rio. Por sua vez, voca\u00e7\u00f5es, no plural, requer o nosso envolvimento, discernimento e ades\u00e3o, para seguir Jesus deixando tudo para fazer o que ele nos pedir (Jo 2,5). \u00c9 saber saborear o vinho bom que d\u00e1 o verdadeiro sentido da festa da vida, de nossa alian\u00e7a definitiva com o Reino.<\/p>\n\n\n\n

Neste artigo apresentarei o processo vocacional, do chamado do Senhor, que mexe com nossas entranhas comprometendo-nos com a vontade de Deus.<\/p>\n\n\n\n

Voca\u00e7\u00e3o \u00e9 chamado<\/h3>\n\n\n\n

O termo cl\u00e1ssico de voca\u00e7\u00e3o quer dizer chamado, apelo, convoca\u00e7\u00e3o. O protagonista n\u00e3o somos n\u00f3s, mas Deus mesmo. Ele, na sua liberdade, nos convoca. Ele planta dentro de n\u00f3s o jardim do \u00c9den, no meio de uma fam\u00edlia, de uma cultura, de uma p\u00e1tria. Na medida em que vamos despertando para a consci\u00eancia do que somos como pessoas em rela\u00e7\u00e3o, compreendemos que n\u00e3o estamos isolados no mundo e que somos feitos para sair do Eu em dire\u00e7\u00e3o ao N\u00f3s, que se expressa numa sociedade em harmonia com toda a cria\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

Quando passamos do inconsciente de nossas a\u00e7\u00f5es para o coletivo, iniciamos um processo longo de amadurecimento que dura toda a vida. A maturidade, por conseguinte, n\u00e3o \u00e9 o fim de um caminho, mas sim as variadas maneiras de chegar a ser, atrav\u00e9s das rela\u00e7\u00f5es sociais, um ser em constru\u00e7\u00e3o. O desafio \u00e9 saber alimentar a \u00e1rvore do bem que est\u00e1 dentro de n\u00f3s, superando as sedu\u00e7\u00f5es da \u00e1rvore da cobi\u00e7a, do consumo, da injusti\u00e7a, da maldade, da indiferen\u00e7a, do orgulho que leva a se destacar da fonte da vida e a morrer como palha seca levada pelo vento, ou, como diz S\u00e3o Paulo, deixar-se sucumbir pelas \u201cobras da carne\u201d (Rm 8, 5-7). <\/p>\n\n\n\n

Essa \u00e9 a voca\u00e7\u00e3o humana \u00e0 qual somos chamados e que torna-se projeto de vida crist\u00e3 a partir do Batismo, quando somos enxertados em Cristo, purificados pela \u00e1gua, ungidos como sacerdotes, profetas e reis, iluminados pela luz de nossas velas que devemos manter acessas na espera ativa do Senhor que um dia chegar\u00e1 e n\u00e3o nos poder\u00e1 encontrar com a vela apagada (Mt 25, 1-10) ou quando enterramos os dons recebidos com medo e desconfiados do retorno do Senhor (Mt 25, 14-30). Esses textos s\u00e3o iluminadores para entendermos o realismo da voca\u00e7\u00e3o. N\u00e3o h\u00e1 vida sem convoca\u00e7\u00e3o. N\u00e3o somos fruto do acaso e nem podemos viver movidos pelos \u00edmpetos da novidade. H\u00e1 em n\u00f3s uma g\u00eanesis, uma origem, que d\u00e1 sentido ao nosso existir e no qual somos filhos de Deus na rela\u00e7\u00e3o com o Pai.<\/p>\n\n\n\n

Voca\u00e7\u00f5es: saber discernir<\/h3>\n\n\n\n

Na Exorta\u00e7\u00e3o Apost\u00f3lica Chistus Vivit (CV – Cristo Vive) o Papa Francisco afirma que o discernimento n\u00e3o \u00e9 tanto para consolar a pr\u00f3pria pessoa, mas para \u201cenquadrar a vida relacionada aos outros\u201d (n. 286). Seria muito simples escolher apenas para satisfazer a si mesmo e ter o problema resolvido. No entanto, \u00e9 importante saber se descobrir, mudar de lentes para poder enxergar melhor a realidade que est\u00e1 ao nosso redor.<\/p>\n\n\n\n

Quando nos dispomos a discernir, diz o Papa, precisamos estar conscientes de que toda e qualquer voca\u00e7\u00e3o \u00e9 \u201co chamado de um amigo\u201d (CV, 287). Jesus n\u00e3o \u00e9 algu\u00e9m que nos causa ansiedade e pavor, mas aquele que sorri para n\u00f3s e nos chama a estar com ele: \u201cN\u00e3o vos chamo servos, porque o servo n\u00e3o sabe o que faz seu Senhor; mas eu vos tenho chamado amigos, pois tudo o que ouvi de meu Pai eu compartilhei convosco\u201d (Jo 15,15). O dom da voca\u00e7\u00e3o, portanto, \u00e9 uma elei\u00e7\u00e3o exclusiva de Deus, da sua vontade. Ele pensa naquele que chama como amigo e lhe d\u00e1 uma gra\u00e7a plena. Por isso \u00e9 t\u00e3o forte em Paulo a frase: \u201cN\u00e3o sou eu quem vivo, mas Cristo que vive em mim\u201d (Gal 2,20). Esta certeza e configura\u00e7\u00e3o a Jesus s\u00f3 acontece numa intimidade nele e com ele. Eis, ent\u00e3o, o sentido profundo do chamado, a alegria de ter recebido um dom e a esperan\u00e7a de que, mesmo nos fracassos, esta experi\u00eancia n\u00e3o se rompe (CV, 290).<\/p>\n\n\n\n

Confian\u00e7a e escuta<\/h3>\n\n\n\n

Contudo, h\u00e1 um processo de m\u00e3o dupla no discernimento: a confian\u00e7a e a capacidade de escuta. Quando procuramos algu\u00e9m para revelar as inquieta\u00e7\u00f5es pessoais \u00e9 porque temos confian\u00e7a. Ningu\u00e9m fala de si mesmo sem ter a certeza de que o outro est\u00e1 dispon\u00edvel para escutar. Por outro lado, quem escuta deve ter a sensibilidade do tempo, da paci\u00eancia e da dedica\u00e7\u00e3o para que o outro entenda que o tempo de quem o escuta torna-se seu tamb\u00e9m (CV, 292). A escuta deve ser incondicional, ou seja, sem preconceitos, ju\u00edzos, manipula\u00e7\u00f5es e ofensas. Quem escuta precisa desenvolver a capacidade de se desarmar e fazer uma parte do caminho em comunh\u00e3o com o outro. \u00c9 a miss\u00e3o daquele que ajuda a entender o mist\u00e9rio fazendo uma parte do caminho, sempre deixando a liberdade da escolha. Trata-se, pois, de um processo que alegra o cora\u00e7\u00e3o e que ajuda o ouvinte a entender, seja nos gestos, nas palavras ou no corpo do outro, uma linguagem n\u00e3o verbal, que comunica a interioridade.<\/p>\n\n\n\n

O grande dilema do discernimento \u00e9 quando o ouvinte n\u00e3o consegue gerar uma empatia a tal ponto de compreender a interface entre o que se diz e o que se quer dizer. Isto significa buscar entender para onde o outro que fala quer realmente ir (CV, 294), para onde o Senhor o est\u00e1 encantando, trata-se da meta a ser alcan\u00e7ada.<\/p>\n\n\n\n

Quando esta empatia n\u00e3o acontece suscita a ang\u00fastia, ou seja, a incerteza, o fechamento, a cegueira, mesmo que o cora\u00e7\u00e3o sinta arder algo que inquieta por dentro. Isto quer dizer que n\u00e3o pode haver discernimento sem liberdade (CV, 295). N\u00e3o h\u00e1 discernimento sem superar o medo de Deus ou das concep\u00e7\u00f5es de Deus que, tanto o que acompanha como o acompanhado podem ter. Vencendo o medo, ambos, acompanhante e acompanhado, seguem, num certo momento, caminhos diferentes. Aquele que escuta desaparece e fica o dom recebido e o desejo irresist\u00edvel de voltar \u201c\u00e0 Galileia\u201d para encontrar o Senhor, ou seja, de volta \u00e0 comunidade, ao ninho onde come\u00e7ou a ser gerada a voca\u00e7\u00e3o. Ali se vence o medo e a ang\u00fastia da resposta generosa: Eis-me aqui, Senhor!<\/p>\n\n\n\n

Crist\u00e3os leigos e leigas<\/h3>\n\n\n\n

O Papa S\u00e3o Jo\u00e3o Paulo II escreveu uma importante exorta\u00e7\u00e3o apost\u00f3lica ap\u00f3s o S\u00ednodo sobre a miss\u00e3o dos crist\u00e3os leigos e leigas no mundo, a Christifideles Laici (CFL), de 1988. Foi uma ocasi\u00e3o muito fecunda para repensar, \u00e0 luz do Conc\u00edlio Vaticano II e do S\u00ednodo, o resgate do Batismo como principal fonte de vida e miss\u00e3o para todos os batizados. A Confer\u00eancia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em 2018, dedicou todo o ano para refletir sobre a natureza e miss\u00e3o dos crist\u00e3os leigos e leigas no Brasil.<\/p>\n\n\n\n

Essas iniciativas refor\u00e7am o grande valor do ser crist\u00e3o. Porque \u201co significado fundamental deste S\u00ednodo e, consequentemente, o seu fruto mais precioso, \u00e9 que os fi\u00e9is leigos escutem o chamamento de Cristo para trabalharem na Sua vinha, para tomar parte viva, consciente e respons\u00e1vel na miss\u00e3o da Igreja, nesta hora magn\u00edfica e dram\u00e1tica da hist\u00f3ria, no limiar do terceiro mil\u00eanio. Novas situa\u00e7\u00f5es, tanto eclesiais como sociais, econ\u00f4micas, pol\u00edticas e culturais, reclamam hoje, com uma for\u00e7a toda particular, a a\u00e7\u00e3o dos fi\u00e9is leigos. Se o desinteresse foi sempre inaceit\u00e1vel, o tempo presente torna-o ainda mais culp\u00e1vel. N\u00e3o \u00e9 l\u00edcito a ningu\u00e9m ficar inativo\u201d (CFL, 3). N\u00e3o basta ser batizado, \u00e9 preciso ir mais al\u00e9m, assumir a miss\u00e3o de evangelizar.<\/p>\n\n\n\n

N\u00e3o h\u00e1 \u201clugar para o \u00f3cio na vinha do Senhor\u201d (CFL, 3). Isto significa que ser crist\u00e3o \u00e9 um chamado a sair de si mesmo, deixar de ser autorrefer\u00eancia e comprometer-se com a viv\u00eancia fecunda da miss\u00e3o da Igreja. N\u00e3o podemos ter medo de encarar o mundo com seus desafios, obst\u00e1culos e perigos. Devemos assumir, com a for\u00e7a do Esp\u00edrito Santo, a natureza mesma de ser ungido e enviado para a miss\u00e3o. A laicidade n\u00e3o \u00e9 o desconhecimento ou sin\u00f4nimo de seculariza\u00e7\u00e3o, mas \u201ctornar-se protagonistas e, em certa medida, criadores de uma nova cultura humanista, \u00e9 uma exig\u00eancia ao mesmo tempo universal e individual\u201d (CFL, 5).<\/p>\n\n\n\n

Quem s\u00e3o, portanto, os crist\u00e3os leigos e leigas? Tanto o Conc\u00edlio Vaticano II como a exorta\u00e7\u00e3o sobre a miss\u00e3o afirmam categoricamente: \u201cPor leigos \u2014 assim os descreve a Constitui\u00e7\u00e3o Lumen gentium \u2014 entendem-se aqui todos os crist\u00e3os que n\u00e3o s\u00e3o membros da sagrada Ordem ou do estado religioso reconhecido pela Igreja, isto \u00e9, os fi\u00e9is que, incorporados em Cristo pelo Batismo, constitu\u00eddos em Povo de Deus e tornados participantes, a seu modo, do m\u00fanus sacerdotal, prof\u00e9tico e real de Cristo, exercem pela parte que lhes toca, na Igreja e no mundo, a miss\u00e3o de todo o povo crist\u00e3o\u201d (CFL, 9). O que est\u00e1 sublinhando \u00e9 o essencial da identidade laical.<\/p>\n\n\n\n

Ser crist\u00e3o leigo e leiga requer assumir hoje, sobretudo nestes tempos de retrocesso eclesial, que \u201co mundo torne-se assim o ambiente e o meio da voca\u00e7\u00e3o crist\u00e3 dos fi\u00e9is leigos, pois tamb\u00e9m ele est\u00e1 destinado a dar gl\u00f3ria a Deus Pai em Cristo. O Conc\u00edlio pode, ent\u00e3o, indicar qual o sentido pr\u00f3prio e peculiar da voca\u00e7\u00e3o divina dirigida aos fi\u00e9is leigos. Estes n\u00e3o s\u00e3o chamados a deixar o lugar que ocupam no mundo. O Batismo n\u00e3o os tira de modo nenhum do mundo, como sublinha o ap\u00f3stolo Paulo: \u2018Irm\u00e3os, fique cada um de v\u00f3s diante de Deus na condi\u00e7\u00e3o em que estava quando foi chamado\u2019 (1 Cor 7, 24); mas confia-lhes uma voca\u00e7\u00e3o que diz respeito a essa mesma condi\u00e7\u00e3o intra-mundana: pois, os fi\u00e9is leigos \u201cs\u00e3o chamados por Deus para que a\u00ed, exercendo o seu pr\u00f3prio of\u00edcio, inspirados pelo esp\u00edrito evang\u00e9lico, concorram para a santifica\u00e7\u00e3o do mundo a partir de dentro, como o fermento, e deste modo manifestem Cristo aos outros, antes de mais, pelo testemunho da pr\u00f3pria vida, pela irradia\u00e7\u00e3o da sua f\u00e9, esperan\u00e7a e caridade\u201d. Dessa forma, o estar e o agir no mundo s\u00e3o para os fi\u00e9is leigos uma realidade, n\u00e3o s\u00f3 antropol\u00f3gica e sociol\u00f3gica, mas tamb\u00e9m e especificamente teol\u00f3gica e eclesial, pois, \u00e9 na sua situa\u00e7\u00e3o intra-mundana que Deus manifesta o Seu plano e comunica a especial voca\u00e7\u00e3o de \u201cprocurar o Reino de Deus tratando das realidades temporais e ordenando-as segundo Deus\u201d (CFL, 15).<\/p>\n\n\n\n

\u00c9 preciso retornar ao essencial da natureza do laicato para que a Igreja seja de fato, como pede o Papa Francisco: \u201cUma Igreja em sa\u00edda para as periferias existenciais\u201d.<\/p>\n\n\n\n

Vida Religiosa Consagrada<\/h3>\n\n\n\n

Antes de qualquer afirma\u00e7\u00e3o \u00e9 preciso considerar que as pessoas consagradas vivem a laicidade, quer dizer, o ser crist\u00e3o, numa forma exclusiva de vida, como bem disse S\u00e3o Jo\u00e3o Paulo II: \u201cA consagra\u00e7\u00e3o baptismal \u00e9 levada a uma resposta radical no seguimento de Cristo pela assun\u00e7\u00e3o dos conselhos evang\u00e9licos, sendo o v\u00ednculo sagrado da castidade pelo Reino dos C\u00e9us o primeiro e mais essencial deles\u201d (Exorta\u00e7\u00e3o apost\u00f3lica p\u00f3s-sinodal Vita Consecrata, n. 14).<\/p>\n\n\n\n

Neste sentido, \u201cas pessoas consagradas, que abra\u00e7am os conselhos evang\u00e9licos, recebem uma nova e especial consagra\u00e7\u00e3o que, apesar de n\u00e3o ser sacramental, as compromete a assumirem \u2014 no celibato, na pobreza e na obedi\u00eancia \u2014 a forma de vida praticada pessoalmente por Jesus, e por Ele proposta aos disc\u00edpulos\u201d (Vita Consecrata, 31). Essa nova e especial consagra\u00e7\u00e3o exclusiva a Deus se articula de forma harmoniosa em tr\u00eas pilares: os conselhos evang\u00e9licos, a vida fraterna em comunidade e a miss\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

No entanto, h\u00e1 diferentes formas de ser consagrado na Igreja. Aqui menciono resumidamente essa rica diversidade para enfatizar o que afirmou S\u00e3o Jo\u00e3o Paulo II: \u201ccomo n\u00e3o recordar, cheios de gratid\u00e3o ao Esp\u00edrito, a abund\u00e2ncia das formas hist\u00f3ricas de vida consagrada, por Ele suscitadas e continuamente mantidas no tecido eclesial? Assemelham-se a uma planta com muitos ramos, que assenta as suas ra\u00edzes no Evangelho e produz frutos abundantes em cada esta\u00e7\u00e3o da Igreja. Que riqueza extraordin\u00e1ria! Eu mesmo, no final do S\u00ednodo, senti a necessidade de sublinhar este elemento constante na hist\u00f3ria da Igreja: a multid\u00e3o de fundadores e fundadoras, de santos e santas, que escolheram seguir Cristo na radicalidade do Evangelho e no servi\u00e7o fraterno, especialmente a favor dos pobres e dos abandonados\u201d (Vita Consecrata, n. 5):<\/p>\n\n\n\n

  1. Vida mon\u00e1stica no Oriente e Ocidente: desde os primeiros s\u00e9culos (VC, 6);<\/li>
  2. A Ordem das virgens, dos eremitas, as vi\u00favas (VC, 7);<\/li>
  3. Institutos dedicados \u00e0 contempla\u00e7\u00e3o (VC, 8);<\/li>
  4. Vida religiosa Apost\u00f3lica: c\u00f4negos regulares, Ordens mendicantes, cl\u00e9rigos regulares, Congrega\u00e7\u00f5es religiosas femininas e masculinas (VC, 9);<\/li>
  5. Institutos seculares: cl\u00e9rigos e crist\u00e3os leigos consagrados que vivem na sociedade, \u00e0s vezes, an\u00f4nimos (VC, 10);<\/li>
  6. As Sociedades de vida apost\u00f3licas masculinas e femininas (VC, 11);<\/li>
  7. Novas express\u00f5es de Vida Consagrada (VC, 12).<\/li><\/ol>\n\n\n\n

    A essa riqueza de vida consagrada s\u00e3o pedidas a fidelidade criativa aos carismas fundacionais, a comunh\u00e3o com o Pai, no seguimento de Jesus Cristo e na luz do Esp\u00edrito Santo; a busca da santidade e com o testemunho p\u00fablico do amor incondicional a Deus e \u00e0 miss\u00e3o; a fecundidade vocacional; a comunh\u00e3o eclesial; comunh\u00e3o e colabora\u00e7\u00e3o com os crist\u00e3os leigos. De fato, a Vida Religiosa Consagrada est\u00e1 no mundo com a imagem permanente da Transfigura\u00e7\u00e3o para serem homens e mulheres configurados a Jesus, mission\u00e1rios do Pai.<\/p>\n\n\n\n

    Concluo com a bela ora\u00e7\u00e3o composta por S\u00e3o Jo\u00e3o Paulo II no final da Exorta\u00e7\u00e3o que nos recorda o grande Dom da consagra\u00e7\u00e3o \u00e0 luz do \u201csim\u201d de Maria.<\/p>\n\n\n\n

    \u201c\u00d3 Maria, figura da Igreja,<\/em><\/p>\n\n\n\n

    Esposa sem ruga nem mancha,<\/em><\/p>\n\n\n\n

    que imitando-Vos \u201cconserva virginalmente (…)<\/em><\/p>\n\n\n\n

    uma f\u00e9 \u00edntegra, uma s\u00f3lida esperan\u00e7a e uma verdadeira caridade\u201d,<\/em><\/p>\n\n\n\n

    amparai as pessoas consagradas na busca da eterna e \u00fanica Bem-aventuran\u00e7a.<\/em><\/p>\n\n\n\n

    Confiamo-las a V\u00f3s,<\/em><\/p>\n\n\n\n

    Virgem da Visita\u00e7\u00e3o,<\/em><\/p>\n\n\n\n

    para que saibam correr ao encontro das necessidades humanas,<\/em><\/p>\n\n\n\n

    para levarem ajuda,<\/em><\/p>\n\n\n\n

    mas sobretudo para levarem Jesus.<\/em><\/p>\n\n\n\n

    Ensinai-lhes a proclamar<\/em><\/p>\n\n\n\n

    as maravilhas que o Senhor realiza no mundo,<\/em><\/p>\n\n\n\n

    para que todos os povos glorifiquem o seu nome.<\/em><\/p>\n\n\n\n

    Sustentai-as na sua a\u00e7\u00e3o em favor dos pobres,<\/em><\/p>\n\n\n\n

    dos famintos, dos desesperados,<\/em><\/p>\n\n\n\n

    dos \u00faltimos e de todos aqueles<\/em><\/p>\n\n\n\n

    que procuram o vosso Filho com cora\u00e7\u00e3o sincero.<\/em><\/p>\n\n\n\n

    A v\u00f3s, M\u00e3e,<\/em><\/p>\n\n\n\n

    que quereis a renova\u00e7\u00e3o espiritual e apost\u00f3lica<\/em><\/p>\n\n\n\n

    dos vossos filhos e filhas<\/em><\/p>\n\n\n\n

    na resposta de amor e dedica\u00e7\u00e3o total a Cristo,<\/em><\/p>\n\n\n\n

    dirigimos confiantes a nossa ora\u00e7\u00e3o.<\/em><\/p>\n\n\n\n

    V\u00f3s que fizestes a vontade do Pai,<\/em><\/p>\n\n\n\n

    pronta na obedi\u00eancia, corajosa na pobreza,<\/em><\/p>\n\n\n\n

    acolhedora na virgindade fecunda,<\/em><\/p>\n\n\n\n

    alcan\u00e7ai do vosso divino Filho que,<\/em><\/p>\n\n\n\n

    quantos receberam o dom de O seguir na vida consagrada,<\/em><\/p>\n\n\n\n

    saibam testemunh\u00e1-Lo com uma exist\u00eancia transfigurada,<\/em><\/p>\n\n\n\n

    caminhando jubilosamente, com todos os outros irm\u00e3os e irm\u00e3s,<\/em><\/p>\n\n\n\n

    para a p\u00e1tria celeste e para a luz que n\u00e3o conhece ocaso.<\/em><\/p>\n\n\n\n

    N\u00f3s Vo-lo pedimos, para que,<\/em><\/p>\n\n\n\n

    em todos e em tudo,<\/em><\/p>\n\n\n\n

    seja glorificado, bendito e amado<\/em><\/p>\n\n\n\n

    o Supremo Senhor de todas as coisas<\/em><\/p>\n\n\n\n

    que \u00e9 \u201cPai, Filho e Esp\u00edrito Santo\u201d (VC, 112)<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

    Neste artigo apresentarei o processo vocacional, do chamado do Senhor, que mexe com nossas entranhas comprometendo-nos com a vontade de Deus.   A f\u00e9 crist\u00e3 ilumina nosso caminhar no seguimento de Jesus. Cremos, isto \u00e9 uma verdade para n\u00f3s, que a vida \u00e9 um Dom. Somos chamados(as) \u00e0 vida sem decidir se queremos ou n\u00e3o. […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":466,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[11,20,28],"tags":[],"estado":[],"obra":[],"acf":[],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/salesianasne.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/465"}],"collection":[{"href":"https:\/\/salesianasne.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/salesianasne.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/salesianasne.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/salesianasne.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=465"}],"version-history":[{"count":0,"href":"https:\/\/salesianasne.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/465\/revisions"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/salesianasne.com.br\/wp-json\/"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/salesianasne.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=465"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/salesianasne.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=465"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/salesianasne.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=465"},{"taxonomy":"estado","embeddable":true,"href":"https:\/\/salesianasne.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/estado?post=465"},{"taxonomy":"obra","embeddable":true,"href":"https:\/\/salesianasne.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/obra?post=465"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}